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Participação de surdos e surdocegos em seminário marca trajetória do trabalho de Libras no Maanaim do ES

Essa iniciativa foi uma organização espontânea de surdos e intérpretes de diversas partes do país

O Maanaim do Estado do Espírito Santo recebeu a presença de dois surdocegos e cerca de 40 surdos que viajaram de diversas partes do Brasil para participar do seminário de Principiantes. Além disso, o evento contou também com um grande quantitativo de seminaristas intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). A programação aconteceu nos dias 27 e 28 de julho de 2019 e simbolizou um marco para o trabalho de Libras da Igreja Cristã Maranata no Maanaim local.

Segundo o membro do trabalho de assistência aos surdos e surdo-cegos da Igreja Cristã Maranata, Pastor Marco Medina, essa iniciativa foi uma organização espontânea pelas redes sociais da Internet em que surdos e intérpretes de diversas partes do país combinaram de se inscrever para o seminário e se encontrar no Espírito Santo.

O presidente da Igreja Cristã Maranata, Pastor Gedelti Gueiros, realizou uma reunião com os surdos e surdocegos presentes com a finalidade ressaltar todo o apoio da instituição ao trabalho de Libras. Demonstrando, assim, que a igreja está atenta a essa demanda.

O trabalho de Libras no Maanaim do Espírito Santo

A intérprete Wanessa Raylla foi uma das pessoas que participou do período de inserção do trabalho de Libras no Maanaim do Espírito Santo. Para transmitir a importância de um evento como o que foi realizado, Wanessa explicou o começo da trajetória, abordando as dificuldades e o crescimento até chegar a esse momento:

“A primeira formação de uma equipe de Libras atuando nos seminários no Maanaim do Espírito Santo foi em agosto de 2008. Quando nós iniciamos esse trabalho no Maanaim especificamente, nós éramos uma equipe de cinco pessoas, porque quase não havia intérpretes aqui para atuarem no seminário. Por dois ou três anos, recebemos auxilio de uma equipe de LIBRAS do Rio de Janeiro, que foi onde o trabalho começou. Eles tinham todo seminário e nos davam um apoio, porque nós tínhamos curso de Libras, mas nós não tínhamos a parte dos sinais relacionados à igreja, porque isso a gente não aprende em qualquer curso. E isso eles [do Rio de Janeiro] já tinham; muitos sinais foi o Senhor quem mostrou, foi desenvolvido junto com os surdos… Até que chegou o momento de caminharmos com as nossas próprias pernas”.

A realização de oficinas foi uma aliada do desenvolvimento do trabalho e da ampliação do alcance de surdos. “Concomitante com o trabalho que fazemos no Maanaim, nós também fazemos a oficina de Libras e, de lá para cá, foram inúmeras oficinas e foi se multiplicando o número de intérpretes. Hoje, no Maanaim, a cada seminário nós temos uma média de 12 a 15 intérpretes”, enfatizou Wanessa.

Além da participação de mais de 10 intérpretes que atuaram nesse seminário, Wanessa destacou a significativa presença desses irmãos assistindo às aulas. “Nós tínhamos lá metade de uma classe de principiantes formada por intérpretes de Libras. Para nós, foi um momento impar”, constatou.

Não somente com relação ao número de intérpretes, Wanessa destaca, ainda, a diferenciação no que diz respeito ao quantitativo de surdos presentes. “O que a gente costuma ver em seminários é que venham dois ou três. Eu já vi seminário com no máximo 10 surdos. Foi significativo ver a participação dos surdos, ao passo que está crescendo o número de intérpretes e esses intérpretes também têm gerado surdos nas igrejas. Então, uma coisa está atrelada a outra.”

Wanessa conta, ainda, sobre a sua perspectiva particular ao presenciar um evento dessa dimensão. “Quando eu vi a quantidade de surdos, fileiras de surdos, alcançando o entendimento da Palavra do Senhor, alcançando experiências com o Senhor, aprendendo, tirando dúvidas um com os outros, é difícil explicar com palavras, porque foi um sentimento muito grande.”

Representando a equipe de intérpretes do Maanaim local, Wanessa afirmou: “Foi uma grande conquista para nós, ver que o nosso trabalho está dando frutos. Foi como ver a materialização dos frutos. Ver o resultado de um trabalho, de orações, e os surdos entendendo o projeto de salvação, que é o principal, é muito maravilhoso”.

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